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09/10/2019ㅤ Publicado às 15:31




Presidente do CAU/DF, arq. Daniel Mangabeira, dá as boas-vindas aos participantes

O 7° Encontro CAU/DF, realizado no dia 8 de outubro, reuniu cerca de 300 pessoas no Palácio Itamaraty – local das palestras, bate-papo e homenagens – e na Embaixada do México, onde ocorreu a confraternização. O evento começou às 14h e apresentou a produção de três escritórios de Arquitetura e Urbanismo: do Brasil, Estúdio MRGB e Andrade Morettin Arquitetos Associados e Studio Macías Peredo do México.

O tema Latino-americanidade voltou a ser discutido nesta edição do Encontro. Na saudação, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), arq. Daniel Mangabeira, ressaltou a importância de posicionar a arquitetura latino-americana no eixo central das discussões da contemporaneidade da arquitetura brasileira. “Porque o Brasil permaneceu fechado durante tanto tempo ao que é produzido ao nosso redor? Sofremos uma ‘hipermetropia arquitetônica’, termo que uso para descrever nosso olhar voltado as realidades distantes ultramares, muitas vezes cego ao que nos cerca. Nossas escolas abordam a história da arquitetura europeia e americana, mas pouco discutem a produção de arquitetos como do colombiano Rogélio Salmona, do uruguaio Eládio Dieste, dentre outros”, afirmou Daniel Mangabeira.

Arq. Daniel Mangabeira

O presidente do CAU/DF destacou ainda a importância do trabalho que tem sido desenvolvido pela autarquia federal na valorização do profissional e em seu aprimoramento técnico. Nos 22 meses de sua gestão à frente do CAU/DF, foram realizadas 30 palestras gratuitas e 222 reuniões de Comissões Permanentes e Temporárias com os conselheiros. “Diante dessa dinâmica e ciente da real dimensão deste Conselho, tenho uma certeza: nossa profissão só será valorizada se nos propusermos a tal. Precisamos ser melhores profissionais e buscarmos sempre uma melhor qualidade do que apresentamos. Necessitamos instruir uma cultura da crítica e não apenas do elogio. Só assim melhoraremos”, refletiu o arquiteto Daniel Mangabeira.

Após as considerações iniciais, foi a vez do primeiro escritório a se apresentar. Os sócios Igor Campos e Hermes Romão do Estúdio MRGB, de Brasília falaram sobre a produção do escritório brasiliense, cuja sigla do nome simboliza as quatro escalas que configuram a arquitetura e o urbanismo da cidade: Monumental, Residencial, Gregária e Bucólica. Segundo Igor Campos, “trabalhamos com a escala monumental não no sentido de ostentação, mas do que vale, tendo como referência ícones da arquitetura como Oscar Niemeyer. Ela está extremamente vinculada as questões estruturais de nossos projetos. Já a escala residencial, está vinculada ao nosso cotidiano, à percepção dos espaços vazios e ocupados. Já a escala gregária é a que vai articular todos os potenciais de encontro, e a escala bucólica é a que está presente no sentido de que essas percepções estejam vinculadas à paisagem urbana”.

Arq. Urb. Igor Canpos e Hermes Romão do Estúdio MRGB e Arq. Urb. Vinícius de Andrade da Andrade Morettin Arquitetos Associados

Logo em seguida, o escritório Andrade Morettin Arquitetos Associados, representado pelo sócio Vinícius Hernandes de Andrade, trouxe a percepção da arquitetura tropical em seus projetos. Segundo ele, grande parte do território brasileiro está contido nos limites da faixa intertropical do planeta, cujo clima é quente e úmido. “Para além da intensa radiação solar, do regime de chuvas e da presença de vegetação exuberante, essa região nos oferece uma importante expressão de sua arquitetura vernacular: as palafitas, um patrimônio da cultura nacional e mundial, praticamente endêmicas das regiões quentes e úmidas”, afirmou o arquiteto Vinícius Andrade.

Observar essas construções populares, na maioria das vezes construídas por seus próprios habitantes, trouxe aos projetos de seu escritório um direcionamento para a elaboração de edificações com performance bioclimática, que valorizam o aproveitamento da luz solar, o controle de ventilação natural e mecânica, proporcionando conforto térmico. Um exemplo é o Instituto Moreira Sales, em São Paulo, que traz espaços generosos para abrigar mostras, já que se trata de um museu, e precisa ter condições ideais para acomodar o acervo e as mais diferentes modalidades de exposição.

Por fim, a última palestra da noite foi do arquiteto mexicano Salvador Macías, que apresentou os projetos de seu escritório Estudio Macias Peredo, situado em Guadalajara. Macías começou falando um pouco da cidade que é a segunda maior do México, cuja arquitetura foi influenciada por países do mediterrâneo. Segundo ele, essa influência está presente em seus projetos que trazem fachadas pintadas de branco ou feitas com pedras, além da interação com a natureza ao redor. A iluminação ampla e o aspecto limpo das edificações dão o tom rústico e natural, marcantes nesse estilo. Para exemplificar, Salvador Macías mostrou projetos como o hotel Punta Caliza, na ilha de Holbox, no México (veja foto ao lado).

Homenagens

A noite do dia 8 de outubro começou no Palácio Itamaraty com uma homenagem a três importantes profissionais para a história da arquitetura e do urbanismo. Alberto Alves de Faria, Frederico de Holanda e Sérgio Roberto Parada foram agraciados com um vídeo-homenagem produzido pelo CAU/DF com depoimentos de amigos de profissão sobre a história de cada um, além de uma réplica em resina e acrílico da Catedral de Brasília, gentilmente cedida pela empresa brasiliense URB.

Arq. Urb. Alberto de Faria

O ex-presidente do CAU/DF (gestão 2012-2014 e 2015-2017), Alberto de Faria, foi o primeiro a ser reverenciado e, emocionado, agradeceu aos colegas, familiares e amigos. Veja um trecho de seu discurso:

“Essa homenagem não é só para mim, mas representa minha esposa Ângela, meus colegas, arquitetos e funcionários do CAU/DF que, em algum momento, conviveram comigo e que foram muito importantes na minha vida. Meus professores que aqui estão – Aleixo Furtado, Frederico de Holanda e Marta –, enfim, todos me mostraram que a teoria da Arquitetura se materializa na prática para demonstrar que ela deve ir além das discussões e dos debates: deve realizar, fazer. Mostraram que o arquiteto é um profissional da criatividade e que mesmo trabalhando sozinho, trabalha em equipe, com engenheiros, arquitetos e outras pessoas envolvidas. Me ensinaram que a qualidade de um produto requer estudo, conhecimento técnico, compromisso estético, ético e solidariedade. Aprendi que devemos ser arquitetos do nosso destino, utilizando, como ferramentas, os pensamentos, as ações, as atitudes e os valores que encontrei nesses professores (que não foram poucos e foram por toda vida). Haroldo Pinheiro, exemplo de conduta ética e responsável, falava dos arquitetos de oficio, que ensinam o que fazem e mostram que não podemos separar na prática a teoria que aprendemos ou desenvolvemos. A criação desse Conselho se tornou possível pelo projeto concebido por ele, para superar um modelo existente e para valorizar a nossa profissão junto à sociedade. Ele foi fundamental para a criação de um Conselho moderno, interativo e eficaz, que tem conquistado espaço com o trabalho de todos, ampliando o respeito da sociedade pelo exercício profissional e ético dos nossos colegas.”.

Arq. Urb. Frederico de Holanda

O segundo homenageado da noite foi o arquiteto e urbanista Frederico de Holanda que, em um discurso engajado, com inclusões e exclusões. Veja, abaixo, trechos de seu discurso:

“Vejo essa generosa homenagem do CAU/DF como sinal de que compartilhamos da mesma paixão, mas para mim, com um plus. A cerimônia ocorre onde considero ser a mais importante obra da Arquitetura da história: o Palácio Itamaraty de Oscar Niemeyer. Entretanto, o amor e a paixão pela Arquitetura manifestam-se de várias formas. Sim, vocês falam com alguém engajado no que fazer arquitetônico, porém meu foco é antes no que saber arquitetônico. O saber em inscrito em toda e qualquer manifestação arquitetônica – implícito ou explicito, popular ou erudito, subjacente ao barraco do favelado ou à casa de canoas de Oscar Niemeyer – exige atentar para um reportório abrangente no tempo e no espaço. Considerar admiráveis arquiteturas que estão debaixo dos nossos narizes, mas que não as vemos e que mergulham na história por milênios é condição sine qua non para agirmos secularmente. (…) A história da Arquitetura, desde sempre (inclusive a de Brasília), é também a do embate entre inclusão e exclusão. Inclusão é o direito à permanência dos serviços populares da Avenida W3 – pousadas, sindicatos, cursinhos e cartomantes. Exclusão é a tentativa de sua criminalização por habitantes das quadras 700. Inclusão foi a construção de um hospital público na Península Norte, o Sarah. Exclusão foi a postura de moradores do bairro ao tentar evitá-lo até pela força. Inclusão foi a existência da feirinha da Torre da TV, patrimônio imaterial desta cidade por 40 anos. Exclusão foi a sua remoção do sopé do monumento. (…) Inclusão é valorizar e preservar Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade. Exclusão, é liberá-la à sanha da especulação imobiliária. (,…) No Brasil e em outros países, na Arquitetura e na sociedade, testemunhamos a reversão de políticas de inclusão, cujas vítimas têm idade, cor, classe e nome. Entretanto, a história não está escrita. Cabe a nós reverter a reversão.”.

Arq. Urb. Sérgio Parada

Para encerrar as homenagens, o arquiteto e urbanista Sérgio Roberto Parada subiu ao palco conduzido pelo presidente do CAU/DF, arq. Daniel Mangabeira, e fez um discurso breve, mas especial. “Foi uma honra estar entre um professor da Universidade de Brasília (Frederico de Holanda) e esse nosso grande colega (Alberto de Faria) que foi nosso primeiro presidente do CAU/DF. Queria agradecer muito aos conselheiros e obrigado por tudo, a todos, em especial ao Igor e ao Rodrigo que falaram palavras maravilhosas no vídeo-homenagem. Na nossa profissão de Arquitetura temos que tirar um pouco da cabeça que somos ‘os reis’. Somos iguais aos lixeiros, aos engenheiros, somos profissionais como quaisquer outros. Somos iguais a todos os profissionais que estão cuidando dessa nossa querida Brasília”, finalizou o ex-conselheiro do CAU/DF e ex-presidente do IAB-DF, arq. urb. Sérgio Parada.  

Confraternização

Embaixador do México, José Ignácio Piña Rojas, recebe participantes do 7° Encontro CAU/DF

Arquitetos e urbanistas, estudantes de Arquitetura e Urbanismo, profissionais de outras áreas e personalidades foram recebidos na Embaixada do México no Brasil no dia 8 de outubro, pelo embaixador José Ignácio Piña Rojas e pela adida cultural Patricia Figueroa. “Nos sentimos muito honrados em ter todos vocês, que são parte do 7° Encontro CAU/DF. Aproveitamos para convidá-los a conhecer o espaço cultural Afonso Reys – um intelectual, embaixador do México no Brasil nos anos 30 e quem mais conheceu a cultura brasileira –, inaugurado no último dia 6 de setembro”, convidou o embaixador José Ignácio Piña Rojas.

O presidente do CAU/DF, arq. Daniel Mangabeira, agradeceu a hospitalidade. “Essa é uma das mais bonitas embaixadas e a única totalmente aberta à população de Brasília. Agradeço a todos por nos permitir comemorar o 7° Encontro, com todos os presentes”, agradeceu Daniel Mangabeira.


VEJA A GALERIA DE FOTOS DO 7° ENCONTRO CAU/DF

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