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14/12/2020ㅤ Publicado às 13:30

Jornalista, repórter, cronista e empresária, Conceição Freitas abraçou o Selo CAU/DF – Arquitetura de Brasília como se fosse uma iniciativa que poderia ter sido sua. Há anos, ela escreve sobre o cotidiano das pessoas, a arquitetura, o urbanismo, as histórias da cidade que a acolheu, sempre valorizando suas linhas, belezas naturais e monumentais e o legado patrimonial e humano da Capital Federal.

Fato é que, no dia 11 de dezembro, durante a entrega do oitavo e último Selo CAU/DF ao Bloco C da SQS 203, o arquiteto Daniel Mangabeira, presidente do Conselho, presentou a todos com um texto escrito por Conceição Freitas sobre a importância da iniciativa que, naquele momento, cumpria seu papel principal de valorizar a arquitetura e o urbanismo não monumentais de Brasília. O CAU/DF agradece o apoio e da jornalista, autora do texto que se reproduz abaixo:

“As moradas suspensas em pilotis, o quintal no chão, as árvores roçando as janelas, os jardins descendo as calçadas, tudo pensado para a vida mais humana, como que para nos salvar da sofreguidão devoradora das metrópoles.

Lucio Costa era um homem profundamente humano. Seguia os operários e as costureirinhas nos bondes, observava o que comiam, onde moravam, onde trabalhavam, quanto ganhavam, quanto tempo gastavam no bonde, isso ainda em 1932, ou seja, 24 anos antes de Brasília, sua invenção.

Foi com humanidades e arquiteturas que Lucio Costa inventou as superquadras, esse modo moderno de habitar as cidades como quem vive a meio caminho entre o rural e o urbano, o real e o sonho, o telúrico e o cósmico.

Os arquitetos desse tempo e lugar únicos na história brasileira projetaram blocos residenciais à altura da inspiração do inventor das superquadras. Edifícios sóbrios, elegantes, funcionais, em pele de concreto – brita e cimento em desenhos esculturais. Blocos com pele de azulejos, janelões, brises e basculantes com esquadrias bordejando vidros.

Cobogós brincando de esconde-esconde; pilotis saídos de uma fábrica de geometrias lúdicas, mesmo as mais brutas são rígidas na forma e maleáveis nas imagens que sugerem. Tudo dcompondo poemas arquitetônicos de morar. Tudo feito à perfeição para aquele momento mais-que-perfeito.

Sabendo disso tudo, e sabendo também que muitas dessas joias da arquitetura moderna brasileira estão sendo desfiguradas por aqueles que não fazem a mínima ideia do tesouro que os abriga, por tudo isso o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal criou o Selo CAU/DF – Arquitetura de Brasília destinado a reverenciar as edificações que melhor representam esse patrimônio histórico, afetivo e cultural, as superquadras – a mais humana, comunitária, democrática e idílica das invenções de Lucio Costa.”.

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