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20/03/2019ㅤ Publicado às 15:15

 

 

O I Seminário de Extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília “ARQUITETURA, CIDADE E COMUNIDADE”, o I FAUEX, tem como objetivo apresentar os Projetos de Extensão de Ação Contínua (PEACs) da Universidade de Brasília e seus respectivos trabalhos de assistência técnica em arquitetura e urbanismo desenvolvidos por estudantes e professores junto às comunidades do Distrito Federal e Entorno do DF no Estado de Goiás.

A Extensão Universitária é o eixo do tripé institucional da universidade entre Ensino-Pesquisa- Extensão que dialoga com a sociedade por meio do desenvolvimento de programas e projetos que atuam diretamente na realidade social. A Extensão é uma forma de retorno à sociedade, “na prática”, de parcela do conhecimento produzido, por meio da atuação direta de professores, técnicos e estudantes, junto a comunidades, grupos, instituições e movimentos sociais. Ao longo da história do ensino superior, somente com a Constituição Federal de 1988 no artigo 207, estabeleceu-se como meta a indissociabilidade entre Ensino- Pesquisa-Extensão, o impacto na formação do estudante e o impacto na transformação social.

O Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX, criado em 1987 contribuiu ativamente com a estratégia de articulação da extensão com o ensino e com pesquisa, tendo em vista o compromisso social da Universidade Pública. Na visão do FORPROEX, o tripé ensino-pesquisa-extensão deve ser o eixo de formação do estudante, no qual a graduação se torne um espaço de construção do conhecimento em que o estudante passa a ser sujeito, crítico e participativo. Ao ser confrontados com a realidade, professores e estudantes são sujeitos do ato de aprender e de produzir conhecimentos, o espaço dentro e fora da universidade é onde se realiza o processo histórico social vivido por diferentes atores, uma forma de democratizar o saber acadêmico, ou de “ecologizar” os saberes, segundo Boaventura de Souza Santos, incluindo, também, o saber popular no processo de formação acadêmica-científica.

Boaventura destaca também que a área de extensão nas universidades tem um papel muito significativo diante do avanço do capitalismo global, de políticas neoliberais, de austeridade em vários âmbitos que, por sua vez, tem provocado cortes de recurso e investimento nas Universidade Públicas. Há um constante ataque às Universidade Públicas pela guerra de informações e de comunicação sobre as causas da atual crise que procuram confundir a comunidade e promover a retirada do caráter público da educação e da ciência no Brasil, enfraquecendo essas atividades como fundamentais para o desenvolvimento humano, social e tecnológico do país e da região.

A universidade tem papel chave na formulação e na condução de políticas de ciência e tecnologia, a fim de assegurar a democratização de acesso e produção de conhecimento pelas novas ciências, que abrangem múltiplos campos de saberes interculturais e transdisciplinares, como no campo do planejamento urbano a visão sistêmica das cidades para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável.

Lembrando os fundadores da Universidade de Brasília, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, o papel da universidade indissocia-se da criação da consciência crítica, a universidade politizada tem a missão de nortear o desenvolvimento autônomo de sua nação e servir aos interesses da maioria para o povo brasileiro, a partir da problemática nacional, voltada para uma educação ampla e renovada. Em síntese, tem a missão de produzir conhecimento, propor soluções próprias para transformação social, influenciar e modificar o seu entorno, seja em nível regional, nacional ou internacional.

A Política de Extensão do Decanato de Extensão da atual administração central da Universidade de Brasília – DEX UnB tem como um dos objetivos democratizar o conhecimento científico e integrar projetos de pesquisa e extensão nos territórios do Distrito Federal por meio de editais de Programas interdisciplinares e intersetoriais, além de descentralizar a gestão da extensão, incentivando a criação de Colegiados de Extensão nas Unidades Acadêmicas e de novos Programas e Projetos de Extensão de Ação Contínua. Neste contexto, a direção da FAU criou o Projeto de Extensão “FAU defende a UnB” para promover ações de comunicação e fomentar o diálogo com a sociedade (interna e externa) bem como propor e organizar ações de extensão que reúnam atividades que deem visibilidade à contribuição da FAU sobre o pensamento crítico e produção do conhecimento em Arquitetura e Urbanismo da UnB.

Com o estímulo do DEX/UnB e da Coordenação de Extensão da FAU hoje há 12 Projetos de Extensão de Ação Contínua – PEACs, voltados para assistência técnica em vários âmbitos, desde o planejamento territorial e projeto de urbanismo passando pelo paisagismo e espaços públicos, projetos de habitação social no campo e na cidade, bem como pelos aspectos de conforto ambiental e tecnologias construtivas. São trabalhos de extensão que exploram o uso de tecnologia social, que proporcionem sustentabilidade econômica, social, cultural e ambiental a empreendimentos econômicos solidários.

No campo da arquitetura e do urbanismo, uma forma de tecnologia social que vem sendo utilizada como assistência técnica é o urbanismo participativo ou urbanismo tático, que faz uso de técnicas e táticas urbanas que visam aproximar a população do projeto através de métodos de trabalho participativos e conhecimento antropológico da realidade. Visam aproximar a população das tomadas de decisão nos planos e projetos, construindo uma lógica mais próxima ao cidadão, os profissionais se colocam ao lado dos habitantes e trabalham a partir das demandas das comunidades com inclusão dos saberes populares.

A cada ano, cresce o interesse de estudantes e profissionais a partir da exploração de uma abordagem mais participativa e social nos processos de desenvolvimento das pesquisas e projetos de arquitetura e urbanismo, porém a assistência técnica na extensão universitária ainda não é tão valorizada nos cursos de arquitetura e urbanismo. Embora tenha sido sancionada em 2008, a lei de Assistência Técnica (11.888/08) ainda não é realidade em boa parte do Brasil. Segundo dados da União Internacional dos Arquitetos – UIA – os arquitetos trabalham para 8% da população (CAU, 2016)[1]. Esta lei assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social bem como para projetos urbanísticos.

Diante desse cenário, o Colégio de Entidades de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CEAU/DF) por meio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), vem promovendo desde 2017 as Jornadas de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social de Brasília – JATHIS em proposição conjunta com a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), o Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Distrito Federal (IAB/DF) e a  Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB-DF). A I JATHIS em 2017 teve como objetivo proporcionar um exercício sobre Melhorias Habitacionais por meio da imersão em comunidades de Áreas de Regularização de Interesse Social (ARIS) do Distrito Federal. II JATHIS de 2018 teve como público-alvo os cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, com o objetivo sensibilizar os estudantes, professores das Instituições de Ensino do DF quanto aos aspectos profissionais e sociais da Assistência Técnica e as atividades de Extensão Universitária.

No 42º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetura e Urbanismo (ENSA) que ocorreu em Brasília em 2018, organizado pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) com apoio do Sindicato dos Arquitetos do Distrito Federal (Sindarq/DF) foram discutidas vários temas para o futuro dos profissionais, da população e das cidades, como habitação de interesse social e assistência técnica pública e gratuita, entre outros. Uma das estratégias discutidas nas oficinas do evento foi a possibilidade de promover a Assistência Técnica em Habitação de interesse Social (ATHIS) como disciplina curricular, considerando que já existem cursos de arquitetura ofertando este tema como disciplina optativa bem como a incidência nas diretrizes curriculares do curso de arquitetura e urbanismos por meio de sensibilização dos coordenadores de curso das IES sobre a ATHIS via CEAUs – Colegiados de Entidades de Arquitetura e Urbanismo.

A avaliação do aperfeiçoamento da Extensão dos cursos das Instituições de Ensino Superior passará pela articulação com o Ensino, a Pesquisa, a formação do estudante, a qualificação do docente, a relação com a sociedade, a participação dos parceiros e outras dimensões acadêmicas, segundo as Diretrizes para a Política de Extensão na Educação Superior Brasileira, Capítulo III da Minuta de Projeto de Resolução do texto referência apresentado à Audiência Pública da Câmara de Audiência Pública Superior do Conselho Nacional de Educação, ocorrida em 18 de setembro de 2018. Uma das exigências da avaliação se dará pelo cumprimento de, no mínimo, 10% da carga horária de cada curso de graduação, pelos estudantes, por meio da atuação em programas e projetos de extensão, os quais deverão fazer parte do currículo dos cursos.

O Projeto Brasil Cidades (BrCidades) destaca que para combater o analfabetismo urbano e a construção fictícia da cidade é importante que as universidades estejam engajadas no desenvolvimento de pesquisas e planos para a realidade por meio de Projetos e Cursos de Extensão e engajamento com a realidade no meio técnico por meio da Assistência Técnica em Habitação Social. O projeto tem como meta construir uma nova Agenda Urbana de forma coletiva e participativa para as cidades brasileiras, mais justas e solidárias, economicamente dinâmicas e ambientalmente sustentáveis.

Assim, espera-se que o I FAUEX – I Seminário de Extensão da FAU/UnB “ARQUITETURA, CIDADE E COMUNIDADE” – possa contribuir para reflexão e discussão sobre a assistência técnica como disciplina curricular como programas e projetos de extensão e promover trocas de saberes entre estudantes e professores dos projetos de extensão e de outras Instituições de Ensino Superior do Distrito Federal.

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PROGRAMAÇÃO  

Dia 22 de março de 2019 – 14h às 19h

14h às 14h e 30minMESA DE ABERTURA – Olgamir Amancia Ferreira (Decana de Extensão da UnB); José Manuel Morales Sánchez (Diretor da FAU/UnB); Célio da Costa Mélis Júnior (Presidente do IAB); Benny Schvarsberg (BrCidades Núcleo DF), Luciana Jobim Navarro (Conselheira do CAU/DF); Danilo Matoso Macedo (Presidente do Síndicato dos Arquitetos).

14h e 30 min às 15h – O PAPEL CENTRAL DA EXTENSÃO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA: assessoria técnica/assistência técnica, tecnologia social e adequação sociotécnica para os projetos de arquitetura e urbanismo na graduação e na pós-graduação – Liza Maria Souza de Andrade – Coordenadora de Extensão da FAU/UnB, Vania Raquel Teles Loureiro – Vice-coordenadora de Extensão da FAU/UnB

15h às 16h – ARQUITETURA, HABITAÇÃO SOCIAL E ESCOLAS –  PEACs: ATHOS, ESCOLAS BIOCLIMÁTICA, ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLIA – CONFORTO E AMBIENTES SONOROS, PÉ NO ENSINO, GEOMETRIZANDO

16h às 16h e 30min – CAFÉ COMUNITÁRIO

16h e 30min às 17h e 30min – PAISAGEM, CIDADE E COMUNIDADE – PEACs: PERIFÉRICO, ASAS E PATUA, PAISAGEM DO CERRADO, PAISAGEM METROPOLITANA, ESPAÇOS PÚBLICOS DE BRASÍLIA

17h e 30min às 18h e 30min – ESTUDANTES NA EXTENSÃO: EMAU/CASAS (PEACs ASAS e PATUA), EMPRESA JUNIOR ATELIE MUDA, COLETIVO CALUNGA E BIOMBO

18h e 30min às 19h – COMUNIDADES E ENTIDADES ENVOLVIDAS – RODA DE CONVERSA SOBRE OS PEACS DA FAU/UNB

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PROJETOS DE EXTENSÃO DE AÇÃO CONTÍNUA (PEACs) DA FAU/UnB

 1.PEAC – FAU DEFENDE A UNB

Coordenador: Jose Manoel Morales Sanchez

 2.PEAC – ASAS – AÇÕES SOCIAIS EM ARQUITETURA E URBANISMO SUSTENTÁVEIS – CASAS/EMAU

Coordenadora: Liza Maria Souza de Andrade

 3.PEAC – PATUA – PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM URBANISMO E ARQUITETURA – CASAS/EMAU

Coordenadora: Liza Maria Souza de Andrade

 4.PEAC – PERIFÉRICO, TRABALHOS EMERGENTES

Coordenadora: Liza Maria Souza de Andrade

5.PEAC – ESCOLAS BIOCLIMÁTICAS: Soluções de Conforto Térmico para Escolas Públicas do Distrito Federal

Coordenador: Caio Frederico e Silva

6.PEAC – PÉ NO ENSINO

Coordenadora: Elane Ribeiro Peixoto

7.PEAC – PAISAGEM METROPOLITANA: Debatendo a Paisagem da RIDE-DF (Rede Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno)

Coordenadora: Luciana Saboia Fonseca Cruz

8.PEAC – GEOMETRIZANDO

Coordenadora: Maria Claudia Candeia de Souza

9.PEAC – PAISAGEM DO CERRADO, PAISAGISMO SUSTENTAVEL E SOCIEDADE: O PISAC COMO INDUTOR DE MUDANÇA SOCIAL

Coordenadora: Raquel Naves Blumenschein

10.PEAC – PROJETO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HABITAÇÃO DE ORIGEM SOCIAL – ATHOS

Coordenadora: Cristiane Guinâncio

11.PEAC – ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLIA – CONFORTO E AMBIENTES SONOROS

Coordenadora: Rosana Stockler Campos Climaco

12. PEAC – ESPAÇOS PÚBLICOS DE BRASÍLIA

Coordenadora: Gabriela de Souza Tenório

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COLETIVO DE ESTUDANTES, ESCRITÓRIO MODELO E EMPRESA JÚNIOR

 

EMAU/CASAS – CENTRO DE AÇÃO SOCIAL EM ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

Representantes: Viktória Matos, Bárbara Barbosa, Juliana Muro, Beatriz Vicentin, Raquel Freire, Angélica Azevedo, Laura Ferreira, Alice Martins, Guilherme Nery, Lara Moro, Heloísa Nascimento, Juan Portela

Professora orientadora e coordenadora dos PEACs: Liza Maria Souza de Andrade

Professoras colaboradoras: Natália da Silva Lemos e Vânia Raquel Teles Loureiro

ATELIÊ MUDA: EMPRESA JÚNIOR DE ARQUITETURA, PAISAGISMO E URBANISMO

Representantes: Julia Frecchiane e Guilherme Oliveira

Professora Orientadora:  Claudia da Conceição Garcia

 

Serviços

Dia: 22 de março de 2019
Horário: 14h às 19h
Local: IAB/DF – SGAS II Setor de Grandes Áreas Sul 603 – L2 Sul


[1] Fonte: Assessoria de Comunicação do CAU/BR e Assessoria de Imprensa do Congresso Pan-Americano de Arquitetos http://www.caubr.gov.br/lei-de-assistencia-tecnica-ainda-nao-e-realidade-no-brasil/

 

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