Ícone SICCAU
SICCAU Serviços Online

20/09/2019ㅤ Publicado às 16:27

Uma noite para ficar na memória de estudantes e profissionais de Arquitetura e Urbanismo, Design de Interiores e áreas afins. Cerca de 400 pessoas participaram do 2° Ciclo de Palestras de Arquitetura de Interiores, realizado na última quarta-feira (18/9), no Centro Cultural TCU. Foram quatro horas de muita troca de conhecimentos, experiências e opiniões sobre arquitetura de interiores – atividade de Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) que o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF) detém o recorde proporcional de emissões entre os demais CAU/UFs.

A informação foi ressaltada pelo presidente da autarquia federal, arquiteto Daniel Mangabeira, que abriu as atividades da noite com uma breve apresentação sobre as ações realizadas do início da gestão em 2018 até o mês vigente, com foco na promoção e na defesa da Arquitetura e do Urbanismo (veja aqui).

Em um segundo momento, Daniel discorreu sobre o tema do evento e convidou a plateia para uma reflexão. “O título deste evento é provocativo, porque apesar de termos colocado Ciclo de Palestras de Arquitetura de Interiores, os palestrantes falarão sobre arquitetura. Não há interior sem arquitetura. Tudo é uma coisa só”, justificou a escolha o presidente do CAU/DF, arq. Daniel Mangabeira.

A primeira palestra da noite foi do escritório paulista MNMA Studio, representado pelos sócios André Pepato e Mariana Schmidt. Os profissionais destacaram alguns projetos que realizaram na capital paulista e em outros Estados, como Pernambuco e Rio de Janeiro. A relação afetiva dos seus clientes com os espaços e o uso de artesanatos e materiais locais são características presentes em seus projetos em arquitetura de interiores.

Projeto MNMA Studio

Na casa CUPE (foto ao lado), por exemplo, o projeto foi direcionado a uma família que cresceu em Pernambuco, mas morava em Portugal. No entanto, queriam deixar algo para as próximas gerações da família, que se concretizou em uma casa. “Esse é um exemplo de quando a arquitetura deixa de ser só um projeto e passa a ser uma narrativa de estúdio. Foi um projeto simples, mas que ficamos acampados quase um ano e meio no local para podermos desenvolvê-lo. Era um lugar remoto, com dificuldade de transporte de materiais, que, para mim, é a resposta mais completa da arquitetura, pois envolve uma série de pessoas e processos. Esse é o projeto mais emocional do escritório, pois conseguiu trazer um trabalho social, com uso de produtos locais de parceiros”, explicou Mariana Schmidt.

Envolvimento emocional com os projetos que elaboram também faz parte da produção dos arquitetos e urbanistas Marcelo Alvarenga e Juliana Figueiró, sócios na Play Arquitetura. Eles começaram a segunda palestra da noite citando o filósofo holandês Spinoza, que viveu no século XVII, o qual dizia que os corpos se diferem pelos diferentes modos de afetar e serem afetados.

Segundo Spinoza, o encontro entre corpos pode potencializar ou constranger, e que o bom encontro seria aquele que potencializa, aumentando a capacidade de ação e consequentemente de transformação. “Nós profissionais que atuamos na criação deste universo, composto por espaço (arquitetura), coisas (design) e pessoas, precisamos estar conscientes destas relações e sermos capazes de interferir nos seus elementos para gerar afeto, no sentido de afetarmos uns aos outros nas suas emoções e subjetividades”, afirmou Marcelo Alvarenga.

Diante disso, defendeu que a arquitetura de interiores tem dois componentes que são “o imprevisível” e “o incontrolável”. “Não dá para ser tudo certinho, tudo arrumado. No meu ponto de vista, isso não é real. O interessante é mostra um pouco do erro, das imperfeições, como incorporar porta-retratos, potencializar o que se é preciso e orquestrar tudo em um espaço”, afirmou Marcelo Alvarenga.

A arquiteta e urbanista Juliana Figueiró, por sua vez, destacou essas imperfeições em um dos projetos do escritório, a “Casa Viva”, que elaboraram para a CasaCor de Belo Horizonte (MG). “Este espaço, assim como a sua casa, nunca estará pronto, mas sempre em movimento, se transformando”, afirmou Juliana.

Projeto Play Arquitetura

Segundo ela, este pavilhão temporário (foto ao lado) foi projetado levando-se em conta o edifício original existente, extraindo dele novas possibilidades espaciais e arquitetônicas. “Foram introduzidos móveis, objetos, obras de arte, memórias pessoais e plantas e, quando achávamos que o projeto estava pronto, colocamos uma faixa verde, que é para reforçar a importância da imperfeição”, destacou o sócio Marcelo Alvarenga.

O terceiro palestrante da noite, Felipe Hess – sócio do escritório paulista Felipe Hess Arquitetos – reforçou a necessidade de personalização dos seus projetos. “Nós não queremos ser um escritório de fórmulas prontas. É errado com o cliente. Buscamos que cada projeto seja um reflexo de suas demandas e pedimos até que eles nos tragam inspirações do Pinterest, por exemplo, pois precisamos nos alimentar do que as pessoas trazem para elaborarmos nossos projetos”, detalhou o arquiteto e urbanista sobre seu processo criativo.

Projeto Felipe Hess Arquitetos

Dentre os projetos que apresentou, Felipe Hess destacou a importância de sempre estar atento aos detalhes, à marcenaria, ao acabamento, aos materiais, à decoração, porque, segundo ele “tudo é uma coisa única”. Além disso, reforçou a importância de manter as características originais de alguns imóveis. A casa CSVF, em São Paulo, é um exemplo (veja foto ao lado).

Projetada pelo arquiteto modernista Zenon Lotufo no fim da década de 40, a casa foi totalmente restaurada e ampliada para receber uma família e atender a nova maneira contemporânea de morar. A casa originalmente térrea e de telhado tipo borboleta, recebeu um novo bloco superior, uma edícula e o uso do recuo frontal foi totalmente reformulado. O projeto buscou ressaltar os elementos originais, como o piso de taco bicolor, caixilhos com gradil, porta pantográfica e revestimentos externos, que foram totalmente recuperados valorizando a arquitetura original. 

O 2° Ciclo de Palestras de Arquitetura de Interiores foi realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal – CAU/DF, com apoio do Instituto Serzedêllo Corrêa, do Tribunal de Contas (TCU) – representado pelo arquiteto Rommel Dias Marques Brandão e pela coordenadora de produção do Centro Cultural TCU, arquiteta Karina Santiago – além do Grupo Top Decor, representado por seu presidente Paulo Cesnik, e pelo Núcleo Metropolitano de Arquitetura e Design, na pessoa da gestora da região de Brasília, arquiteta e urbanista Juliana Visinheski.


GALERIA DE FOTOS – Em breve, mais fotos serão disponibilizadas.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Os comentários estão desativados.

Destaque

02/11/2024

CAU/DF presta a sua homenagem no Dia de Finados (2/11)

Destaque

31/10/2024

31 de outubro: Dia Mundial das Cidades

Destaque

28/10/2024

28 de outubro: Dia do(a) Servidor(a) Público(a)

Destaque

25/10/2024

Nota Pública: CAU/DF se manifesta sobre retrofit no antigo edifício-sede do Banco do Brasil