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24/01/2023ㅤ Publicado às 15:27

Imagem: Andréa Lopes

Na semana passada, o CAU Brasil, em artigo escrito pela presidente Nadia Somekh, se manifestou a respeito de um texto publicado no jornal Estadão no dia 19 de janeiro, intitulado Os vulneráveis edifícios envidraçados de Brasília. Dentre outras sugestões do autor, o economista Roberto Macedo, diante dos ataques aos palácios e símbolos nacionais – ocorridos em Brasília, no último dia 8 de janeiro –, destacou-se a substituição de fachadas em vidro por paredes de alvenaria e outras medidas que vão de encontro ao projeto arquitetônico e urbanístico da Capital Federal, e que não valem repercutir.

O CAU/DF endossa o posicionamento do CAU/BR ao defender a arquitetura e o urbanismo da Capital Federal, esta patrimônio Mundial da Humanidade, tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A coordenadora da Comissão de Ética e Disciplina (CED) do CAU/DF, arq. urb. Giselle Moll, acrescenta que “o CAU/BR apresentou o contragolpe certeiro da presidente Nádia Somekh, que junto ao do eminente arquiteto Hugo Segawa, dão o tom necessário à resposta que o economista precisava ouvir. Esperto ele, que já de início se eximiu de maior responsabilidade sobre suas palavras ao declarar não entender do assunto. Arquitetos e urbanistas também não entendem porque as taxas de juros de financiamentos de 12% ao ano, instituídas pela Constituição de 1988, não são praticadas, mas nem por isso saem por aí publicando artigos sobre o assunto. Segawa lembrou muito bem que o senhor Macedo compara o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Superior Tribunal Federal a edificações de igual função construídas no exterior há alguns séculos atrás, com materiais e técnica construtiva da época, o que jamais poderia ou deveria ser reproduzido na década de 1960 no planalto central do Brasil, e alerta que paredes grossas e vidros protegidos também podem ser vulneráveis se não houver um sistema de segurança eficiente e imparcial. O artigo do CAU/BR avança no ponto chave: qual é o projeto de país que queremos? Embora a nossa democracia não seja perfeita (há democracia perfeita?) e os diversos governos passados muitas vezes mostraram isso, Brasília foi construída para ser a capital de um país livre, progressista, alegre, hospitaleiro, ansioso por corrigir suas diferenças internas e se mostrar para o mundo. Esse conceito foi muito bem traduzido na transparência, na leveza formal, na brancura dos edifícios de Niemeyer que, unidos ao traçado de Costa, alcançaram renome internacional e o título de primeiro sítio tombado moderno da humanidade. Não é pouca coisa. Não podemos querer gradear os palácios contra vândalos e depredações, penalizando a arquitetura por um conjunto de ações estúpidas, intencionalmente maldosas e premeditadas. Administrar uma capital nacional exige cuidado, responsabilidade e sobretudo respeito. Foi tudo o que faltou em 8 de janeiro.”.

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