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04/03/2015ㅤ Publicado às 13:20




Formada em 1967, pela Universidade de Brasília (UnB), Elza Kunze é a arquiteta e urbanista homenageada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal no Dia Internacional da Mulher (8 de março). Com mestrado em Planejamento Urbano (Town Planning), pela Universidade de Copenhague, na Dinamarca, Elza trabalhou por 26 anos na Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), além de ter atuado como autônoma em seu escritório por 30 anos.

O projeto do edifício sede da Codevasf, com 23 mil m², é de sua autoria e foi exposto na Bienal de São Paulo de 1976, ocasião em que recebeu a premiação de melhor edifício público naquele ano. Consta em seu currículo mais de 200 projetos residenciais.

Desde 2002, tem militado no Sindicato de Arquitetos do Distrito Federal (Sinarq-DF), onde foi eleita presidente por duas vezes – Elza foi primeira mulher a exercer tal cargo. Atualmente, continua como Diretora Administrativa/Financeira do Sindicato e é Conselheira do CAU/DF. Sua militância sindical em 2009 fez com que Elza fosse indicada pela Confederação Nacional de Profissionais Liberais (CNPL) para representar o Brasil na Confederação Sindical Internacional (CSI), na qual continua como suplente.

A seguir, a arquiteta e urbanista Elza Kunze Bastos analisa o mercado de trabalho e conta um pouco mais sobre sua militância e carreira profissional:

  1. O número atual de arquitetas e urbanistas no Distrito Federal supera a quantidade de homens atuantes na profissão (2.665 mulheres e 1.678 homens). Quando ingressou na profissão, a realidade era outra? Como conseguiu superar os obstáculos em um cenário predominantemente masculino?

Realmente, era outra. Na minha turma, por exemplo, haviam duas mulheres, num total de 47 pessoas. A superação de obstáculos se deu a uma atuação ética e de qualificação profissional. Para dizer a verdade, nunca senti qualquer discriminação por ser mulher, mesmo trabalhando em canteiros de obras ou na zona rural.

  • A sua trajetória profissional foi marcada pelo engajamento nas questões trabalhistas, em defesa dos arquitetos e urbanistas. Que balanço faz de sua atuação frente ao Sinarq-DF e qual o papel das mulheres na construção de uma profissão mais igualitária e democrática?

A minha trajetória se iniciou no Sindicato do Servidor Público – Sindsep por ideologia política, representando a Codevasf na época. Quando me aposentei em 1992, fui convidada pelo então presidente do Sinarq-DF, Antônio de Menezes Júnior, a participar como diretora. Ao observar que a maioria era de mulheres, passei a lutar com maior empenho para que tal situação se evidenciasse, para que houvesse uma mulher à frente daquele sindicato. Após duas gestões como presidente, fui substituída por outra arquiteta, Yone Roberta de Souza.

  • Marion Mahony Griffin é considerada a primeira mulher a se tornar arquiteta em 1894. Desde então, as mulheres conquistaram mais direitos, espaços e obtiveram reconhecimento pelos seus projetos. O que ainda falta a elas para se firmarem no mercado de trabalho?

O mercado de trabalho da arquiteta e urbanista já está predominantemente nas mãos das mulheres e representam 74% das afiliações do Sinarq-DF. O que se necessita é que haja maior atuação de postura ética e qualificação profissional.

  • A senhora acha que a disputa de gêneros ainda ocorre no mercado de trabalho atual? E quem ganha essa disputa?

De fato, no setor público ocorrem problemas de diferença salarial entre os gêneros, mas é uma disputa que tem que ser feita pessoalmente e via entidades de classe.

  • Nas questões salariais e de remuneração, o mercado consumidor dos produtos e serviços prestados por arquitetos e urbanistas ainda é machista e preconceituoso?

Acredito que, mesmo sendo a nossa sociedade machista, o mercado consumidor, como seu reflexo, está sendo mudado. Em Brasília, pelo menos, isso já está ocorrendo.

  • O Plenário do CAU/DF, no qual é conselheira titular, registrou um aumento da participação feminina em sua composição neste mandato (2015-2017) com relação à gestão fundadora. Como avalia essa mudança e a que atribui esse aumento?

Considero que o aumento da participação feminina no CAU/DF foi, principalmente, uma conquista de uma luta do Sinarq-DF, já que dos seis nomes indicados para a composição do Plenário, quatro eram de mulheres.

(MEMORIAL DESCRITIVO DO PROJETO DA RESIDÊNCIA DE ELZA KUNZE) – Elaborado em 1973/1974 e inaugurado em setembro de 1976, a primeira casa da quadra na Península Norte foi construída em um terreno de 800m², no estilo clean, em linhas retas e fiel ao conceito modernista da época. O programa inicial era composto por duas suítes; um salão interligando as salas de visita, estar, jantar e TV; uma área de escritório, uma ampla cozinha, garagem para dois carros e outras dependências. Por ser criadora de cães de raça, foi construído um canil. O projeto ainda levou em consideração uma melhor adequação às condições climáticas do cerrado brasiliense de seis meses de seca e seis meses de chuva. Optou-se por um telhado de correr, para aproveitar a incidência solar, e um jardim interno com fonte de água para manter a umidade no período de seca. Na época, foram pesquisados materiais de baixo custo e rapidez de execução, decidindo por caletão de fibro cimento, eliminando o madeiramento para cobertura e blocos de concretos para as paredes de vedação. As lajes pré-moldadas foram mantidas aparentes, com exceção da cozinha e dos banheiros. Numa segunda etapa, foi executada a área de lazer com churrasqueira, vestiário, depósito e quatro canis externos, totalizando uma área construída de 106m².

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