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08/02/2018ㅤ Publicado às 13:36

O projeto Moradias Estudantis da Fazenda Canuanã,  da parceria brasileira Rosenbaum + Aleph Zero, foi o vencedor na categoria Arquitetura Educacional  dos Prêmios ArchDaily Building of the Year 2018. A obra, encomendada pela Fundação Bradesco, está localizada em Formoso do Araguaia, em Tocantins.

Moradias Estudantis, Formoso do Araguaia-TO. Foto Leonardo Finotti/Divulgação

A lista com os vencedores foi divulgada na manhã desta quinta-feira, 08/02. Foram quase 100.000 votos dos leitores nas últimas duas semanas que elegeram os 15 melhores projetos apresentados no Archdaily em 2017.

O projeto das Moradias, que abriga quase 800 alunos, já tinha ganho o Prêmio APCA 2017, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, na categoria Obra de Arquitetura no Brasil. Também foi indicado, como único representante da América do Sul, para o  RIBA International Prize 2018,  competição bienal do Royal Institute of British Architects (RIBA)

Moradias Estudantis, Formoso do Araguaia-TO. Foto Leonardo Finotti/Divulgação

Os arquitetos responsáveis são Adriana Benguela e Gustavo Utrabo. A equipe é composta ainda pelo arquiteto Pedro Duschenes e pelo designer Marcelo Rosenbaum, que convidou os arquitetos para desenvolver o projeto.  “O ponto de partida foi ouvir as crianças. Numa primeira imersão, a equipe passou uma semana na fazenda, conhecendo os “clientes-mirins” e os arredores”, escreveu a revista Casa Vogue. “Logo percebemos que elas não enxergavam o lugar como sua casa”, declarou Gustavo Utrabo.

Os arquitetos, então, deixaram um tarefa para as crianças: “O que faz de Canuanã minha casa?” . Os estudantes, narra a revista,  apresentaram textos, desenhos, pinturas e encenações num festival criativo que evoluía a cada dia, à medida que os profissionais envolvidos analisavam o material e propunham novas dinâmicas para outros grupos.

“O mais impressionante é que, nessa brincadeira, todas as conformações de planta eram muito semelhantes”, contou o Gustavo Utrabo.  Assim nasceu a modulação dos novos dormitórios, bem como a forma de agrupá-los, em volta de três jardins. “Mostramos referências de espaços públicos, como praças, pátios, a oca indígena… E as crianças escolheram assim.”

O projeto chama atenção pelas belas estruturas de madeira e pela ampla cobertura que lembra uma oca, unificando os quartos em duas alas, os pavilhões  feminino e outro masculino. Painéis de palha de buriti trançada, outra referência indígena, sinalizam a entrada de cada quarto. Já os tijolos de solocimento e sua disposição formando cobogós remetem ao adobe das moradias dos assentados. “Não podemos esquecer que na escola convivem crianças vindas das aldeias e dos assentamentos. Há um grande conflito entre essas pessoas por questões fundiárias, e as animosidades se repetem em sala de aula. Fazer com que ambas as culturas se reconheçam aqui é um passo na direção de resolver essas diferenças”, disse Marcelo Rosenbaum.

“Foi um trabalho colaborativo, um trabalho justo, de pensar como nós como profissionais podemos usar arquitetura como ferramenta de transformação social e, agora, esse prêmio internacional nos dá oportunidade de mostrar para o mundo esses nossos saberes ancestrais, essa beleza que tem aqui escondida no nosso país”, afirmou Marcelo Rosenbaum à revista por ocasião da indicação para o RIBA Prize.

Saiba mais sobre o projeto:

Archidaily: Descrição, plantas e fotos

Rosenbaum:  Um desafio infinitamente maior e mais potente do que um simples redesenho de espaços

Casa Vogue: Marcelo Rosenbaum projeta escola em Tocantins com ajuda de alunos 


Fonte: CAU/BR

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