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30/01/2017ㅤ Publicado às 13:57

Em 2017, o Brasil comemora dois marcos na história da política de valorização e proteção do patrimônio cultural: são 80 anos de criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e 30 anos de reconhecimento pela Unesco do conjunto urbanístico de Brasília como patrimônio cultural da humanidade. Para celebrar as datas, foram realizadas no dia 12 de janeiro, na sede da instituição em Brasília, cerimônia com o lançamento da publicação Roteiro dos Acampamentos Pioneiros no Distrito Federal, palestra e apresentação de um curta-metragem sobre a Vila Planalto. A capital brasileira foi o primeiro conjunto urbano do século XX a ser reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco, em 1987.

Iphan 80 Anos: selo comemorativo

Na ocasião, aconteceu também o lançamento do carimbo comemorativo e do selo personalizado que celebram os 80 anos do Iphan, criado em 13 de janeiro de 1937, por meio da Lei nº 378. Nessas oito décadas, as políticas públicas executadas pelo Iphan foram fundamentais para a construção de uma identidade nacional e a proteção de um expressivo universo de bens materiais e imateriais. A instituição teve como grandes desafios a consolidação dos marcos regulatórios para o setor e a descentralização do Instituto que, atualmente, está presente em todas as unidades da Federação.

A presidente do Iphan destacou na abertura do evento que durante o percurso de 80 anos do Iphan, percebe-se um esforço por parte da sociedade no sentido de defender essa dimensão humana que a cultura tem e que se materializa no nosso patrimônio: “Pois a sociedade compreende que o Iphan, como defensor do patrimônio cultural brasileiro, também é um motor para o desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente, às comunidades tradicionais e às especificidades locais”. Já o ministro da Cultura ressaltou que, ao assumir o MinC, teve a oportunidade de descobrir o Brasil como um todo, em sua imensa riqueza: “Nada melhor para nossa autoestima do que sermos reconhecidos pela nossa cultura, nosso fazer e viver, por isso a função do Iphan é importantíssima”.

Pioneiros e a construção de Brasília

Durante o evento, o público conheceu mais sobre a importância dos bens culturais remanescentes dos acampamentos pioneiros de Brasília. Após a abertura, que teve a participação do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, do Ministro da Cultura, Roberto Freire, da presidente do Iphan, Kátia Bogéa, e do Superintendente do Iphan no DF, Carlos Madson Reis, foi exibido o curta-metragem Nossa história, nosso patrimônio: Vila Planalto, de José Walter Nunes.

Presidente do Iphan, Kátia Bogéa, governador do DF, Rodrigo Rollemberg, ministro da Cultura, Roberto Freire, superintendente do DF, Carlos Madson ReisPara governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, Brasília é uma cidade singular e que representa a criatividade do brasileiro: “Neste momento que Brasil vive, precisamos resgatar o espírito de Brasília e do Brasil, de homens como Juscelino Kubitschek e os que vieram para construir a capital. Neste momento de tantas celebrações e reflexões, nosso grande desafio é esse reencontro com um profundo compromisso com o futuro da Nação”. A primeira-dama e colaboradora do Distrito Federal, Márcia Rollemberg, participou da cerimônia.

Em seguida, o lançamento da publicação Roteiro dos Acampamentos Pioneiros no Distrito Federal, elaborada pela superintendência do Iphan no Distrito Federal, foi realizado com palestra do próprio cineasta – que é professor da Universidade de Brasília (UnB), Pós-Doutor em Cinema e História pela Universidad de Buenos Aires, Doutor e Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo – e da arquiteta e urbanista Vera Bosi de Almeida, pós-graduada pela UnB e pela Universidade de Nova York, com ampla experiência na gestão de políticas públicas para o patrimônio cultural. Os convidados refletiram sobre os aspectos históricos, sociais, arquitetônicos e urbanísticos do tema. O público participou ativamente do debate, contribuindo com a experiência de vários pioneiros presentes, e de professores universitários que trabalham com o tema. “As pessoas que ali estão (na Vila Planalto) querem ficar para ser um marco da história de Brasília”, desabafou o pioneiro da Vila Planalto, Ronaldo Nogueira.

No livreto, o público pode conhecer mais sobre edifícios que são testemunhos das técnicas construtivas do período, as décadas de 1950 e 1960, e sua história proporciona um novo olhar sobre a construção de Brasília, mais próximo das perspectivas dos próprios operários, a partir dos bens edificados com o propósito de servir de moradia, hospitais ou templos religiosos a essas pessoas. O estudo está disponível no site do Iphan.

Debate sobre a publicação Roteiro dos Acampamentos Pioneiros do DFO superintendente do Iphan no Distrito Federal, Carlos Madson, destaca o potencial turístico que esse patrimônio revela para a cidade: “Os roteiros dos acampamentos pioneiros são ricos registros históricos da importância dos candangos. Nessas edificações foram batizados os primeiros brasilienses, nasceram as primeiras crianças no território do DF. Esses bens culturais estão portanto carregados da memória da construção da cidade, da vida cotidiana dos trabalhadores nesse período”. Para ele, “os depoimentos dos pioneiros mostram que o Iphan está no caminho certo, e este trabalho é um ponto de partida para somarmos esforços no sentido de dar contiuidade às políticas de preservação desses espaços históricos, que são únicos no mundo inteiro. Pois Brasília é a única cidade que ainda mantém seus edifícios fundadores”.

Contexto histórico

Roteiro dos acampamentos pioneiros do Distrito Federal é um texto que trata da memória de construções provisórias, feitas para serem desativadas e desmontadas com a conclusão das obras da cidade, como a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia e a Fazendinha, na Vila Planalto, a Igreja São José Operário, na Candangolândia, e o antigo Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira, hoje Museu Vivo da Memória Candanga, no Núcleo Bandeirante.

Originalmente, os acampamentos foram organizados de maneira semelhante a pequenas cidades, com o objetivo de recriar para os moradores um ambiente familiar. De fato, com a inauguração de Brasília, a maior parte desses espaços foi desconstituída e as populações transferidas para a periferia. Porém, alguns dos agrupamentos urbanos originais resistiram ao desmonte, dando origem a locais como Núcleo Bandeirante, Vila Planalto e Vila Metropolitana. Como o estudo destaca, a permanência de muitos remanescentes é resultado da resistência organizada das populações em torno do direito à moradia, o que mostra que a história do Distrito Federal também foi feita a partir da ação dos movimentos populares.

De acordo com o texto: “É preciso reconhecer que o patrimônio cultural da cidade se vincula às relações da população com os seus espaços urbanos, o que esses espaços representam simbolicamente para os habitantes e quais as relações do território com a história de sua ocupação ao longo do tempo”. Portanto, a valorização desse patrimônio cultural é uma forma de reconhecer e respeitar a memória das populações remanescentes da construção de Brasília em luta pela conquista de direitos.

Candangos na Cidade Livre - Núcleo Bandeirante

Brasília, Patrimônio Mundial

Criada a partir do projeto modernista de Lucio Costa, o conjunto arquitetônico e urbanístico de Brasília foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco em 1987 e inscrito no Livro de Tombo Histórico pelo Iphan, em 14 de março de 1990. A principal característica de Brasília é a monumentalidade, determinada por suas quatro escalas: monumental, residencial, bucólica e gregária e por sua arquitetura inovadora.

A atual capital do Brasil foi concebida, projetada e construída entre 1957 e 1960, data de sua inauguração. Seu conjunto urbanístico se constitui no principal artefato urbano produzido em consonância com os princípios urbanísticos e arquitetônicos do Movimento Moderno. Inserida no projeto nacional de modernização do país conduzido pelo então Presidente Juscelino Kubitschek, sua construção e consolidação como capital do Brasil compõem um fenômeno geopolítico e social de grande desdobramento para a história brasileira.


Fonte: Iphan-DF

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